O Grove
No anoitecer salgado do porto de O Grove um poeta vai nu à
envidraçada janela/ e ela marisco mulher é isco para poemas escritos na pedra
dura e negra galega/ queria o poeta ser gaivota que vai e volta da Ilha de Toxa
rejuvenescido como num pacto antigo/ e no bico uma poção mágica trazer/ pois
atlântico é o corpo nu do poeta à janela e de alma emaranhada nas redes da musa
deitada/ escultura viva a sussurar na noite galega
salgada.