O clarim
Toca o clarim no quartel
da Graça
clarim nocturno que
assusta quem passa,
mas dentro da leitaria
bebo um café, leio um O´Neill
e mando o medo para a puta
que paríl
sentado na mesa, de frente
para a tristeza
penso na jogada, se é
certa ou errada
tristezas não pagam cafés,
ó chefe! poema na conta do
O´Neal, que é um gajo baril
poemas não pagam tristezas
cheque traçado de branco
privatizado,
chove choco frito meu
amigo?
e faço a jogada, nem sei
se certa ou errada,
a tristeza ri, não se faz
rogada
dou o último gole no café,
não me arrependo de nada
sozinho na noite escura
pela rua,
toco o clarim, e onde
deveria ser o frenesim,
é a calma, povo que dorme
consente,
quando o clarim toca a
mim, toca a ti
sabes o que queria O´Neil?
queria na Graça unicórnios,
minotauros e fadas,
faunos ao balcão pois
então, e sereias nas torneiras
sempre que a água
corresse,
sabes, queria que esta
tristeza se fodesse.